Escrever em um diário foi uma das minhas melhores decisões de 2025

Eu nunca fui adepta a registrar meus pensamentos. Por algum motivo, me sentia meio boba fazendo isso, como se estivesse gastando meu tempo com algo inútil ou até mesmo infantil, sabe? Mas agora, na vida adulta, lidando com tantos pensamentos e preocupações, percebi que ter o hábito de externalizar os sentimentos ajuda — e muito — a digerir e assimilar os acontecimentos da vida com mais clareza.

Primeiro, porque, nessa era digital em que vivemos, somos bombardeados diariamente por inúmeras informações e estímulos, causando uma grande “sobrecarga” mental. Anúncios, fotos, vídeos, propagandas, produtos, entretenimento, comparações, frustrações… tudo isso em uma tela que cabe na palma da mão e pode ser acessada a qualquer momento do dia. O que deveria ser apenas uma “paradinha de 5 minutos para distrair” acaba virando horas de rolagem infinita no feed, jogando mais e mais lixo para o cérebro processar depois.

Segundo, porque quando tiramos o problema da nossa mente e o trazemos para o mundo concreto — seja conversando com outras pessoas, falando sozinhos ou escrevendo — passamos a ter uma visão mais ampla da situação. Isso nos torna mais capazes de tomar decisões melhores, baseadas na racionalidade, e não no calor do momento ou na confusão de sentimentos misturados. Por exemplo, às vezes você descobre que seu relacionamento nem é ruim; você só está sobrecarregado com alguma outra área da vida, mas ainda não tinha percebido até começar a registrar seus sentimentos e enxergar as coisas “de fora” da situação.

Quando, ao final do dia, paro para escrever no meu diário sobre tudo o que aconteceu, tenho a oportunidade de refletir sobre as escolhas que fiz desde o momento em que acordei até a hora de dormir. Também consigo perceber quantas coisas boas aconteceram e que normalmente me esqueceria, listar inúmeros motivos para ser grata, identificar onde falhei e como posso melhorar, proporcionando uma autoanálise muito mais eficiente. Além disso, ajuda — e muito — a ter noção de progresso. Estamos em fevereiro e, ainda assim, sinto que não saí do lugar. Porém, ao voltar no meu diário e ler sobre qualquer dia de janeiro, percebo claramente que as coisas estão, sim, acontecendo. O problema é que estamos sempre focados no próximo passo, no próximo objetivo… e não paramos para ver o rastro de conquistas que deixamos pelo caminho.

Escrever sobre meu dia se tornou algo terapêutico para mim. Quando termino, sinto minha mente mais leve, como se tivesse descarregado todo aquele lixo de informações absorvidas ao longo do dia, mantendo apenas o que realmente é útil. E aprendi também que não funciono escrevendo em diários convencionais — papel e caneta, sabe? Perco totalmente a paciência porque penso muito mais rápido do que consigo escrever, e aí começo a me frustrar por não acompanhar o ritmo, até desistir.

Meu método foi usar o Trello (um aplicativo de produtividade) para criar um quadro chamado “Diário pessoal”. Dentro desse quadro, cada lista representa um mês e cada cartão representa um dia. Então, crio o cartão, clico em “adicionar uma descrição” e, em vez de digitar todos os meus pensamentos, uso o microfone do teclado e vou falando tudo. Às vezes, as palavras saem trocadas e sem pontuação, então copio o texto transcrito, jogo no ChatGPT para formatá-lo e, depois, atualizo o Trello com o texto corrigido. Lado ruim? Provavelmente, o ChatGPT já sabe tudo da minha vida agora. Lado bom? Consigo pedir várias coisas com base nessas informações, como análise dos meus padrões de comportamento, um resumo do que aconteceu no mês, pontos que devo melhorar, detalhes que devo considerar, entre outras coisas.

Independente do método de registro, meu conselho para você é: comece um diário o quanto antes. Garanta que ele fique em um local seguro (afinal, são suas informações pessoais), mas crie o hábito de atualizá-lo todos os dias. A sensação de poder revisitar qualquer dia da sua vida sob a perspectiva do seu “eu” do passado é incrível. Você consegue enxergar o quanto amadureceu ao longo do tempo, o que ajuda a se situar na realidade e a sair dessa loucura de querer ter conquistado o mundo aos 20 e poucos anos.