Comportamento

Algumas reflexões no último dia do ano

Estive refletindo sobre como, há alguns anos, eu ansiava pelas festas de fim de ano.

Hoje, elas parecem datas corriqueiras, que chegam e passam sem alarde. Nessa mesma época, no ano passado, eu estava encomendando um vestido sob medida de um estilista que descobri no Instagram. Queria algo especial: um vestido de ano novo bonito, fluido, único, longe dos modelos das lojas populares que todo mundo sempre compra.

Gastei uma nota, me decepcionei com o caimento do vestido e ainda precisei ajustar aos 45 do segundo tempo. No fim, a energia e o dinheiro que investi acabaram sendo em vão, porque troquei o vestido por algo mais confortável logo no início da noite.

Não é que ele era feio, só não correspondeu ao esforço e investimento, hahahah

Por ironia, hoje estou deixando para comprar um vestidinho branco de última hora, em uma Renner ou Riachuelo qualquer da vida. A virada é daqui a algumas horas e, mesmo sendo alguém sempre tão planejada com essas coisas, estou tranquila. Desta vez, escolhi focar no que realmente importa para mim.

Essa mudança de postura pode ser vista de duas formas, no meu ponto de vista.

A primeira, mais pessimista, é a de que talvez eu esteja desanimando com a vida, me rendendo a fazer tudo “de qualquer jeito”, sem o cuidado que sempre tive com os detalhes.

A segunda, e a que prefiro acreditar, é que, com o peso dos anos, das vivências e lições, a vida tem me mostrado o que realmente é valioso. Mesmo que as vaidades secundárias ainda tenham sua importância, elas já não ocupam o centro das atenções.

Nunca fui uma pessoa materialista ou gananciosa. Sempre tive ambição, desde que me conheço por gente, e não vejo isso como algo a ser mudado. Trabalhar e conquistar é importante, mas sei que o dinheiro é apenas uma moeda de troca — literalmente. Ele nos proporciona conforto, acesso a oportunidades e momentos que, sem ele, seriam difíceis de viver. No entanto, acho que estou escolhendo melhor onde gasto o meu tempo e minha energia. Priorizando as pessoas e os momentos com ele, e não trazendo tanto peso para que os detalhes sejam perfeitos.

A sensação de finitude tem me consumido cada vez mais. Talvez seja pelas notícias ruins e tragédias que vemos rotineiramente na internet, ou pelo fato de que, com o envelhecer, a perda de pessoas queridas se torna cada vez mais dolorosa. Ainda assim, não quero que esta reflexão tenha um tom melancólico. Pelo contrário. A consciência da finitude, por mais dura que seja, nos dá um senso de urgência, permitindo que a gente viva de forma mais sábia, sem se perder no caminho. Muitas pessoas, imersas na ilusão de que têm todo o tempo do mundo, acabam adiando o que é importante, ou muitas vezes sequer param pra pensar no que é importante para elas.

2024 foi um ano incrível. Sou privilegiada por ter passado por ele com todas as pessoas que amo bem, saudáveis e em busca dos próprios objetivos. Sou imensamente grata pelos aprendizados e desafios que me fizeram mais preparada para receber 2025.

E fico feliz por perceber que minha maior preocupação no último dia do ano seja planejar como vou aproveitar o próximo, e não qual vestido vou usar.

P.S.: Isso não me isenta de querer me produzir lindamente no último dia de 2025. Afinal, “im just a girl” 💅

É isso! Feliz 2025 a todos. Que seja um ano abençoado, repleto de momentos memoráveis e aproveitado da melhor forma possível. E que a gente continue sempre se policiando para respeitar a hierarquia correta da vida!

Com carinho,

Gabriella

 

Atualização: minha mãe fez questão de me levar ao shopping. Me presenteou com um vestido, uma sandália e uma clutch lindíssima. Look de ano novo foi totalmente salvo por ela, porque se dependesse de mim… depois atualizo vocês com as fotos da minha virada! Como é bom ter pessoas que nos amam e nos ajudam a dar aquele “up” quando nossa energia está baixa, né?