Reflexões

Trabalhar com o que ama?

Arrasei nessa foto, né? 🥰 Petrópolis-RJ

Eu percebi que sou a favor de as pessoas trabalharem com aquilo que amam, apesar de ter passado tantos anos afirmando que isso era inútil. Entendi que, na verdade, eu não acredito é no caminho que muitos escolhem. Essa decisão imatura de simplesmente rejeitar qualquer trabalho que não esteja alinhado com seus sonhos e esperar começar diretamente naquilo que amam.

Acredito que nossas primeiras experiências profissionais precisam ser dignas, remuneradas, e, acima de tudo, honestas. O trabalho, no seu sentido mais profundo, é um ato de servidão: e esse é um viés que carrego da minha fé. Mas também acredito que Deus não se alegra quando servimos sem amor. O ideal é quando conseguimos usar os dons que Ele nos deu para servir a comunidade por meio do nosso trabalho.

Trabalhar com o que amamos, na minha visão, não significa viver em uma busca hedonista por satisfação pessoal. Significa encontrar uma profissão onde possamos aplicar nossas habilidades naturais, servir com amor e deixar um legado. Isso não está restrito a profissões de prestígio: um padeiro que entende de fermentação e prepara um pão que alimenta famílias com dedicação, por exemplo, está servindo com amor e vivendo plenamente sua vocação.

O valor de começar de baixo

No mercado de trabalho, todos precisamos começar de algum lugar. A menos que alguém herde um negócio ou tenha um conhecido que facilite a entrada, a regra é começar de baixo, e isso não deveria ser um problema.

Quando iniciei minha vida profissional, eu tinha tanta sede de conhecimento que pensava: “Estão me pagando para aprender!”. Essa mentalidade me sustentava. Se a pessoa começa a vida profissional já pensando apenas em colher, em vez de plantar, qualquer trabalho se torna um fardo.

É claro que não falo de situações extremas, como abuso ou assédio moral. Mas, via de regra, a frustração não está no trabalho em si, e sim na forma como escolhemos encará-lo. Até mesmo quem acredita ter encontrado o trabalho dos sonhos se frustra quando descobre que toda colheita exige um longo período de plantio. As responsabilidades pesam, as burocracias aparecem e as partes divertidas diminuem. O adulto precisa aprender a lidar com o desconforto, pois ele é parte fundamental do amadurecimento.

O processo de amadurecimento

Cada etapa profissional nos ensina algo: seja uma habilidade técnica, seja uma lição de convivência ou de autoconhecimento. Conhecemos pessoas, acumulamos experiências e construímos bagagem. Quanto mais experiência temos, melhores se tornam as nossas escolhas. E, aos poucos, esse caminho nos direciona para o lugar onde sentimos que estamos fazendo aquilo que nascemos para fazer.

Mas esse processo leva tempo, e é preciso aprender a curtir o percurso. É triste imaginar uma vida reduzida a “estudou, trabalhou, fez família, morreu”. Precisamos de significado. Se trabalhamos apenas pelo dinheiro, cedo ou tarde surge o vazio, o burnout, a exaustão.

Trabalhar com algo que gostamos não é o problema. Pelo contrário: faz parte de uma vida saudável encontrar propósito no que fazemos. Eu mesma me sinto privilegiada de exercer uma profissão que me move. Tanto que, muitas vezes, nem percebo que estou trabalhando, mesmo lidando com as partes burocráticas. Para mim, esse é o sinal de estar no lugar certo.

Conclusão

No início da jornada, faça algo que seja honesto e que pague as contas. Com o tempo, você vai amadurecendo, aprendendo e encontrando seu espaço no mercado.

Mais do que a profissão ou o cargo, o que importa é a forma como você encara o trabalho.

  • Se para você ele é apenas uma fonte de renda, qualquer função pode servir.
  • Se você busca propósito e legado, vai naturalmente trilhar um caminho que se conecte com sua missão de vida.

Mas é preciso equilíbrio: humildade para começar de baixo e ambição para saber onde quer chegar.

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